quinta-feira, maio 20

neste momento, neste minuto perdido do tempo,
sem qualquer espaço, sem qualquer local específico
onde se possa delinear uma vaga e subtil paisagem,
uma possível fuga, uma miraculosa estratégia ou escapatória,
neste momento, fixo no horizonte a realidade que conheço:
tu...

vejo ao longe (e, no entanto, tão distinto)
a tua presença,
o teu semblante liberto de sonhos,
liberto de cadeias, de ilusões.
distante (mas tão distinto),
vejo-te chegar, tropeçando
nas nuvens que se aproximam para te felicitar.
o teu passo é vagaroso, firme e alinhado.
recorda o andar do lobo que avança
para a presa, fixando, hipnotizando...
destemido, avanças passo longo, bem
medido, bem estudado

distingo minuciosamente os traços do
teu rosto
levemente perturbado pelo momento,
revelas uma certa piedade
no entanto, sabes que esse atributo
não foi distribuído aos predadores
e longe de tudo o resto, de tudo o que me
poderia salvar, do nada que ainda conheço,
reconheci a minha derrota

distinguindo ainda o teu porte selvagem
junto a mim,
fechei os olhos e adormeci...

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