terça-feira, junho 15

Amor feito de nadas,
amor que morre,
apodrece, esmigalha-se

Não quero esse amor,
não quero um amor
que não é aceso,
luminoso,
que não estremece
por dentro

Não quero um amor
às escondidas
nas camas alugadas,
emprestadas

Não quero um consolo
momentâneo
e a solidão
sempre

Não é o amor que desejo

Um amor morno,
um amor que expira de
validade
que cai,
cai,
que está quase
no chão

Não quero um amor de
ilusões,
de casas feitas
de nada,
de projectos que
não se desejam

Não quero um amor
às prestações

Não quero mais
este amor

Amor que me magoou
e me faz sentir
triste,


Não quero mais
este amor
no meio
da rua, feito de
cafés, de comboios e
gares

Cheio de despedidas,
sem confortos
nem abraços
durante o sono

De que vale amar-te?
De que vale chorar?
De que vale gritar
se não me ouves?

Porque é
que te amo?

O amor não é isto,
o amor não basta

Não quero mais
este amor,
não quero mais o meu
corpo alugado
Fecho-te a porta
o meu corpo, a
minha alma, o meu
amor nas falsas ilusões
dos lares alheios, do
falso conforto dos
sofás e televisores
dos outros

Não quero mais
este amor
que só me quer
de vez em quando

Não quero mais
este amor

---27 de Junho de 2003---
Epitaph for My Heart

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