quarta-feira, outubro 6

Uma narrativa sem rumo (parte I)

Corremos o risco de n sabermos por onde ir, pois bem. Mas n é conveniente planearmos o q quer q seja, e por isso partimos...
azulados, pelo céu limpo trazido pelo sol laranja q carregava uma intensa insolação perversa. Sorriste ao entrar no carro, estarias com medo do vazio de ideias? pensei em te perguntar, mas deixei-me ficar e sorri-te malicioso... lembro para mim, q troçar pela expressão pode ser tudo, ali, no momento, o único motivo para a ausência de um receio. O mar navega pelas ondas do nosso desconhecido, e eu só sei que te puxei daí para fora... e agora, q partimos, vamos dar uma pausa ao desassossego de um dia a dia martirizado por tudo aquilo q n encaixa e completa-se entediante.
Entraste neste simples carro branco, e disseste: como estamos de cds? Reparaste q havia um leitor, e sabias bem q a música iria estar sempre acompanhada... vrmm a 1ª já puxa, o sinal para a esquerda, as intermédias luzes laranja, e a gentileza de um menino distraído q disse com o olhar: podes passar... tu disseste: há pessoas simpáticas por todo o lado, um simples gesto fala mais do q mts palavras. e dp, o silêncio... a auto estrada conduzia-nos. Mais à frente...

Olho atenta os sinais da estrada, tento recordar as aulas já perdidas na memória, altura em que pensava que sabia por onde ia e por que caminhos deveria seguir para lá chegar...
Os automóveis que passam, os traços brancos no alcatrão...
Encosto-me descansada olhando pela janela, vidro descido, vento saudando-nos no nosso silêncio.
Não preciso de fazer conversa, és uma companhia que não o exige e agradeço-te sorrindo enquanto puxo o casaco e cubro os ombros. Fecho os olhos por momentos, sei que o posso fazer.
Ouço-te no suave rodar do volante, pés na embreagem, acelerador, pneus rolando... Sinto o sol no rosto e sei que o dia está belo.
E digo para mim: "Sabes o que me apetecia? Que o caminho fosse sempre a direito, sem curvas, sem paragens, sempre a andar iluminados pelo sol, rodeados de paisagens edénicas que eu conheceria nas minhas pálpebras fechadas..." E abro os olhos subitamente pois ouço-te responder:



passeios largos e sem curvas n existem, minha menina. Sim, tive q te responder assim, de olhos atentos e para a frente. Mas perguntei-me logo a seguir, será q lhe posso dizer... bem, acabei mm por te dizer, n foi? disse-te: em cada parte das árvores desflorecidas pelo outono q se adivinha breve, há outras partes q resistem persistir na inocência de n cumprir o q lhes estava escrito. Achei q te pudesse confortar, embora soubesse q n te saberia explicar pq é q te revelei este solto momento q só às árvores diz respeito. Pisquei-te o olho e por fim achei melhor parar o carro. Sabia-te de olhos fechados e sabia q n era o sono q os obrigava a fecharem-se. Contemplavas algo belo nessa miragem predisposta a rondar a livre sensação de q te preenchias com pedaços de nada pelo rosto solto da tua imaginação, mas a fome possuía-nos e por fim... chamei pelo teu nome e por gestos pedi-te q olhasses para o teu lado direito. Quis-te dizer: Acompanha-me neste serviço de prestar ao apetite a devida vénia da consolação airosa... talvez n fosse preciso dizer mais nada, pq olhaste e sorriste e entramos num antigo restaurante emanado à luz de gigantes velas. A sua pele era revestida de maciça pedra, e toda a sua cobertura cheirava a antigo. No final, quem nos sorriu foi o provocar de calorias diversas q maquinavam já cá dentro nos intestinos... sorrimos a valer, qd descobrimos q esbanjar para o estômago pode originar verdadeiras impressões de q o correcto n passa por aqui. Durante tudo isto, o silêncio ainda era rei... saímos para o vento e no passeio até ao carro...

Dou por mim a pensar: que te direi? Que o comer estava bom? Que a preguiça me invade durante a digestão? Que o dia está bonito? E por que raio falamos do tempo quando não sabemos o que dizer?
Encaminhamo-nos para o teu carro e continuamos no nosso mutismo, silêncio com copyright registado.
Abro a porta e digo finalmente: E se em vez de prosseguirmos de imediato esta nossa fuga rumo ao desconhecido, andássemos um pouco ao longo da estrada?
Vejo alguma surpresa por detrás do teu olhar divertido: Bem, estamos no meio do nada...
Mas também tu achas que devemos ir esticar as pernas, abandonar por momentos a casa sobre rodas e ver as luzes de uma vila ao longe, afastada do cheiro da gasolina, do ruído dos automóveis que rasgam a auto-estrada...
E pergunto-me: por que me foste buscar?


[Ileee ao volante, Sandra a "pendura"] (editado)

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