O meu post de Natal

O Natal era sempre na casa dos meus tios. Primeiro aqui perto, mais tarde no Alentejo para onde se mudaram.
Lá nos juntávamos nós: pais, tios, manos e primos. E eu a correr a casa com os primos mais novos: ela, seis meses de diferença, ele quatro anos mais novo. A Fatinha e o Nuno.
Os manos e o outro primo, mais velhos, já se entretinham com outras coisas.
Nós passávamos a noite na cozinha a ouvir cassetes várias enquanto as mães enfarinhadas amassavam, batiam, esticavam as futuras filhós. E nós à espera para fazer desenhos na massa com as chávenas, os dedais e a alegria daquela ser a nossa filhós. E era sempre a mais bonita. Até dava pena comer...
Depois os sapatos, as botas em cima do fogão para o Pai Natal não se esquecer de nós quando descesse a chaminé. Sabíamos que eram os nossos pais que lá colocavam as guloseimas mas de manhã corríamos a buscá-las, encantados sempre...
Antes já eu tinha recebido a prenda do meu pai: de mão dada a atravessar a estrada até à papelaria, todos os anos ia buscar A Minha Agenda onde colocava todos os meus pequenos passos... (parece que não mudei muito desde então...)
Víamos tv, jogávamos Monopólio, enchíamo-nos de couves, bacalhau, perú e de doces, víamos fotografias (xiii... aquela célebre: nós de mãos dadas, eu de regador na mão, cheia de caracóis, e tu com as fraldas a espreitarem o vestidinho curto...), íamos ao terraço, olhávamos as estrelas...
O Natal era mágico nessa altura.



Depois vinha a Passagem de Ano. Essa era aqui, na nossa casa. Eram os nossos tachos que ficavam amassados :D
A correr pelas ruas com os outros miúdos, tacho e respectiva tampa na mão a saudar o novo ano.
As luzes da árvore pagã a piscarem ainda, os rostos corados na felicidade da festa, mães sorrindo vendo-nos sorrir, a música a ecoar na noite iluminada...
Era tudo tão simples e tão bom...