Quem quero eu enganar se realmente do que gosto é da melancolia do Outono, do cheiro a lápis acabado de afiar...
Esta música traz-me a maresia mas o que quero, o que me conforta a alma são essas folhas secas que tens aí escondidas, mãos fechadas, que apertas e que estalam desfeitas...
E percorro os teus caminhos, sorriso aberto ao saber-te escondido entre as árvores enquanto finjo não te ver apanhando os pinhões que sei que deixaste deliberadamente para mim.
Ouço-te assobiar a melodia que traz a recordação do arco-íris nos dias de chuva e sigo-te, subindo os rochedos da serra para vermos o fogo de artifício do fim do dia. Rosto corado, perdida entre as orações de agradecimento sussurradas ao vazio e a vontade de gritar o teu nome, coração tão cheio do teu amor que nem sei se consigo respirar. Sei que me espias, bem perto, pois acreditas que sou tonta e que posso talvez tropeçar deslumbrada com tanta beleza.
Fico um pouco mais aqui, junto dos teus carinhos. Fecho os olhos e sinto a chuva a cair abençoando o nosso segredo.