A Caçadora e o Raposa - Carnaval sem Máscaras -
Dia 27 de Fevereiro na ZDB às 23h00
Jana Hunter(fonte)
Até este ponto no tempo, a arte de Jana Hunter tem sido particularmente difundida ao mundo da música independente por Devendra Banhart. Quer através da sua participação na já seminal compilação «Golden Apples Of The Sun» de artistas a trabalharem com transgressão a canção contemporânea, quer através de um «split» que fez com Devendra para a Troubleman Unlimited, quer pelo disco que vem apresentar à ZDB, «Unstairing Heirs of Doom», tornando-se na primeira artista a sair pelo novo selo de Banhart e Andy Cabic (Vetiver), a Gnomonsong.
As ligações com outros criativos prolongam-se com os Castanets ou o fantástico Brendan Massei (Viking Moses), mas que estas associações não passem qualquer ideia de falta de génio próprio. Neste álbum, Hunter surge com carisma a rodos: na instrumentação, reduz a maior parte do suporte harmónicos das canções a uma guitarra acústica que, sozinha, funciona quase num registo de baixo; as melodias de voz caminham pelo domínio de um soturno que pode ser intersectável com o de Will Oldham, mas é mais Hunter que outra voz qualquer, muito maturada e fantasmagórica; a produção do disco actualiza uma estética lo-fi de gravadores de pistas por fita aqui e ali manipulada, que deu origem a tanto hino de quarto de dormir nos anos 90, ao passo que Hunter utiliza a distorção da sua voz no microfone para obter ecos de grão espectral. As letras adensam o macabro da passada quotidiana, explodem realidades emocionais habituais em momentos de revelação tão crípticos quanto claros. Simultaneamente pela estranheza e pela acessibilidade, é muito possível que estejamos na presença de uma escritora de canções que vá ficar na história - a julgar por «Black Unstairing Heirs of Doom» o trilho será enorme. Venham ver por onde tudo começa.
Castanets
Uma experiência comunal variável e numerosa, os Castanets de Ray Raposa, a principal voz do grupo (canta e toca em praticamente todas as faixas conhecidas do público), lançaram em 2005 o seu segundo álbum, «First Light's Freeze», depois do muito bem recebida «Cathedral», ambos com o selo Ashtmatic Kitty.
Para se começar a apreender a pluralidade do universo estético de expressão dos Castanets, um bom ponto de partida pode ser a lista de participantes em «First Light's Freeze»: Sufjan Stevens (o próprio); o jazzman soprador free Daniel Carter, parceiro de William Parker, Test, David Grubbs, Rasheed Bakr ou Spring Heel Jack; ou ainda G. Lucas Crane, Heidi Diehl ou Jarvis Tavaniere, três quintos do ensemble Vanishing Voice, que, com James Toth (Wooden Wand) tem criado um galopante catálogo de extremações etno-urbanas & canção cósmica nos últimos anos, de alto grau tripado e luminoso.
Se a isso juntarmos o facto de Jana Hunter vir como membro da banda nesta digressão europeia com antigos membros dos (incríveis) Trumans Water ou Fridge (Adem, não Kieran Hebden), vemos uma panóplia de universos em constante adaptação (cada ocasião é uma ocasião, com quem estiver por perto a sentir coisas irmãs): canção pop, viagem free, espirituais revistos à luz do séc. XXI por putos broncos inteligentes da cidade com part-times (a maioria é de Nova Iorque/Brooklyn), melancolia em acordes e exploração textural exposta em urgência pausada.
Para admiradores de qualquer um dos nomes acima referidos, de Will Oldham, do Jewelled Antler Collective (Thuja, Skygreen Leopards ou Blithe Sons) ou Pearls Before Swine, ou quaisquer interessados em ver pode onde pára a buscar da América pelas suas raízes, enquanto as procura no meio do betão.
Entrada: 7.5 Euros
2 Comentários:
Boraaaaaaaaaa
\m/
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