sexta-feira, fevereiro 10

O desconhecido da gare do oriente

Encontrei a foto que tiraste na gare do Oriente. Caiu de um livro ao arrumar a prateleira. Lembro-me que ainda era Verão e estava-se bem ao sol. Eu estava sentada num dos bancos de olhos fechados a sentir o calor. E no meu rosto devia estar um rascunho de sorriso que te fez olhar-me surpreendido. Adivinhaste nos meus traços uma história qualquer triste e sorriste-me cúmplice. Continuaste a fotografar a estação e a procurar o ângulo perfeito. Da máquina saíam uns pequenos quadradinhos e vieste mostrar-me um deles. Eu disse que era bonito. Em inglês, pois não percebias a língua portuguesa. Vinhas da Itália e estavas a trabalhar ali perto para uma revista. Nas horas vagas fotografavas a gare.
Querias saber como se ia para a praia. Expliquei-te. Quiseste que escrevesse no teu caderninho o itinerário para não te esqueceres. Escrevi. Tu riste-te da minha tentativa de desenhar. Eu sorri. Sei bem que não sei desenhar. Não me importei de te revelar essa incapacidade. Tenho mais facilidade em mostrar aquilo que não sei fazer do que aquilo que sei.
O meu comboio chegou. Levantei-me.
"Ciao, bela". Estava tão cansada que nem repliquei que não me chamava Bela.

2 Comentários:

Às 9:55 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

que bonito!! :))

 
Às 11:51 da manhã , Blogger static disse...

:)

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