sexta-feira, abril 6

Escrever

fiquei de te escrever. já foi há tanto que decerto já nem aguardas notícias minhas.

Recordo-me. tinha-te dito:

Era suposto escrever algo, não era? dei por mim a não saber escrever. mas devia, não era? devia ser como andar de bicicleta que nunca se esquece se alguma vez se aprendeu. sei que costumava escrever algumas coisinhas e recebia de volta pedaços de coisas boas, cristais cheios de luz. esse retorno era o melhor de tudo. na volta do correio, as palavras vinham, iam e vinham como um boomerang.
sinto, mas não sei escrever o que sinto. ainda não é felicidade. também não é dor, nem desilusão que sobre isso lembro-me de saber escrever.

e tu disseste:

Aprendemos em demasia muito daquilo que não esquecemos, embora, e entenda-se, nem sempre utilizamos as mesmas ferramentas. Não é dor ou desilusão, será por certo uma qualquer coisa que ainda não se prevê escrita. Mas o boomerang, esse mensageiro, essa luz da transmissão, é tudo aquilo que podemos agarrar. E pouco importa se adormece por muito tempo, ou se se esconde em silêncio, qual inconstante fenómeno paranormal. Adormecemos os olhos, e as palavras deitam-se num orfanato, e não temos culpa do pouco tempo que nos oferecem para viver. Há dias em que os dias são longos, e mesmo assim não temos que nos culpar por sentir que a vida nos passa ao lado. A dor que se rasga nos espelhos da nossa pessoa é o maior escudo por onde muitas das palavras nascem. Assim se elege uma personalidade, e é sobre ela que nos colocamos à frente do obstáculo no qual insistem em denominar como prosperidade. Por certo, devemos apenas saber que a morte é o fim de tudo aquilo que observamos, e ao resto devemos apenas creditar um sério benefício da dúvida, pois na dúvida se criam as escolhas, e nas escolhas se filtram consequências. O mundo não escolhe objectos, aluga o imerso para no espaço co-existir a invasão das espécies. Enfim, palavras à parte, gostei de saber de ti... sabes que sentes, outra coisa não te perdoaria! Mas a felicidade é saber que te lembraste, sim, de me escrever.

e eu digo:

Perante a tua generosidade, só tenho que baixar a cabeça na vergonha do não-cumprimento. sabes que sou preguiçosa.
palavrinhas que te chegam agora só para dizer que estou bem e que te escrevi inúmeras vezes nas entrelinhas do dia-a-dia.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial