sexta-feira, março 31

Gainsbourg

Vários artistas revisitaram recentemente a obra de Serge Gainsbourg em mais uma homenagem sempre merecida. O ultra-conhecido dueto com Jane Birkin "Je T'Aime (Moi Non Plus)", por exemplo, é interpretado desta vez pela Chan Marshall aka Cat Power e pela Karen Elson:

I Love You (Me Either)

Entretanto, e porque deu vontade de recordá-lo, aqui fica o original:

Je T'Aime (Moi Non Plus)

A minha vida dava um filme... indiano

aqui:

http://www.grapheine.com/bombaytv/play_uk.php?id=995479

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quarta-feira, março 29

Zig Zag Night: 30 de Março


A noite é de regressos, a festa é garantida. Uma celebração musical a dois à boa e velha maneira do rock n' roll puro e duro. A música pela música. Zé Pedro (Xutos & Pontapés) e Miguel Quintão (Antena 3) trazem de volta à capital o espírito Zig Zag Warriors e escolhem o Kremlin para assinalar o retorno a casa e devolver a regularidade do arranhar das guitarras sintonizadas com uma inevitável e forte ligação ao que de mais recente se vai criando no território da electrónica, a um espaço que continua a ser de referência na noite da capital.

O inquestionável e prolífico crescimento da cena rock nos dias que correm, aliado a uma cada vez mais forte cumplicidade com ritmos mais dançáveis, vem reflectir-se directamente na selecção musical dos Zig Zag Warriors, que sempre em cima do acontecimento, prometem cruzar hinos obrigatórios do rock n' roll com o que de mais recente se faz por esse mundo musical fora, seja com recurso a guitarras ou a sintetizadores. A catalogação é inimiga da criatividade, e a imaginação será a base de uma noite que se adivinha de diversão e festa e que promete voltar à cidade!

domingo, março 26

Festa da Primavera (CCB)

A Festa da Primavera está de regresso ao Centro Cultural de Belém, em Lisboa no dia 26 de Março. Celebração do 13º aniversário do CCB. A entrada é livre. (aqui)



PROGRAMA

Mercado de Artesanato da Região do Minho
Das 11h às 19h - Jardim das Oliveiras
Um mercado para conhecer, ver ou comprar figurinhas saídas das mãos de maravilhosos artesãos.

Yoga
11h00 - Jardim da Água
Inspiração profunda da Primavera para começar um dia em que os pulmões não têm limites!

Taichi
12h00 - Jardim da Água
Um momento de equilíbrio ao sol. Encontre-se consigo no Jardim da Água e cumprimente-se.

Mercado de Flores & Fruta
Das 11h às 19h - Caminho Pedonal
Escolha a flor pela cor ou pelo perfume, mas leve uma flor como de costume! Para a fruta que vai escolher, arranje no seu saco o espaço que puder!

Explosão da Fábula
Sosta Palmizi / Itália
12h e 18h - Pequeno Auditório Brincando com o universo das fábulas, entra-se devagarinho no lugar de coisas a sério. Um espectáculo de teatro para revisitar através da dança muitas histórias, antes que elas expludam e desapareçam...
Ideia e Encenação de Giogio Rossi. Movimentos e narrativa dos bailarinos e actores de Elisa Canessa, Piera Gianotti, Francesco Manenti, Emanuel Rosenberg e Cecilia Ventriglia

Saca Sons
Grupo de Cantares Tradicionais da Zebreira
12h00 - Praça do Museu
16h00 - Caminho Pedonal
Há mulheres que cantam o canto do campo e que trazem na voz o ritmo de um corpo que trabalha ao sol.

Banda de Sapadores Bombeiros
12h e 15h - Caminho Pedonal
Os bombeiros, que são os Anjos da água, transformam-se por um dia em fogo musical para aquecer a nossa Festa.

Box Música também para crianças
12h00 - Sala Calempluy
Concerto interpretado pelo jovem Quarteto de Cordas de S. Roque, onde serão interpretadas obras de Viana da Mota e de Mozart. Celebrando os 250 anos do nascimento de Mozart e levados pelo espírito festivo da sua música e da sua personalidade iremos transformar esta Box Música, também para Crianças numa grande festa: a festa do seu aniversário.
Programa:
Quarteto de Cordas de S.Roque
Viana da Mota (1868-1948): Quarteto de Cordas
Mozart (1756-1791): Quinteto para clarinete e Quarteto de cordas

Quarteto Euforia / Itália
13h e 15h - Praça do Museu
Quatro cordas em várias mãos, acidentes musicais, notas em correria, histórias, risos e muito mais! Quatro mulheres de quatro continentes viram do avesso as partituras da música clássica num concerto com arcos mas sem flechas.
Com Alessia Massaini, Chie Yoshida, Marna Fumarola, Michela Munari

D. Rosa canta junto às Flores
13h00 - Caminho Pedonal

Banda Plástica de Barcelos
13h e 15h - Jardim das Oliveiras
Galos, cristas e artistas por toda a parte, uma banda plástica de Barcelos, para fazer nascer música como cogumelos!

Rusgas de S. Vicente
Rancho Folclórico de Braga
14h e 16h - Jardim das Oliveiras
"Rusgas" é o nome da "gente que vai, faz e vem das festas"... Venha juntar-se aos «Rusgueiros», cantadores ao desafio e ouvir as vibrantes e rasgadas vozes das moças cantadeiras!

Oh Suivant!
D''irque & Fien / Bélgica
14h e 16h - Praça do Museu
Um espectáculo não verbal que nos vai deixar mudos! Depois de 12 anos de experiência em Teatro Circense de Rua feito em mais de 20 países, incluindo Lisboa e o CCB, D''irque visita-nos de novo e senta-se à sua mesa para nos refrescar com:
- Acrobacias arriscadas
- Malabarismos virtuosos
- Música ao piano que balança entre a interacção do público e bolas que saltam e ressaltam
Com Fien Van Herwegen e Dirk Van Boxelaere

Canto D´aqui
Grupo de Música Tradicional Portuguesa
14h e 17:15 - Caminho Pedonal
Composto por nove elementos, que interpretam temas de todas as regiões de Portugal, o Canto D''Aqui, também toca música d''acolá, com sentimentos, melodias e movimentos de toda a parte.

Cantigas da D. Rosa
Concerto
15h00 - Pequeno Auditório
Imagine uma mulher que vê com os ouvidos e sente com a voz! Cantigas que saem do coração da nossa cultura popular, acompanhadas por 4 músicos portugueses também.

Voz e Triângulo: D. Rosa
Voz e Guitarra portuguesa: Raúl Abreu
Acordeão: Ciro Bertini
Percussão: Sofia Borges

Baile
Das 15h às 18h - Tenda
A dançar, a dançar, se vive de verdade! Venha florir ao som da dança, no nosso baile primaveril! Com Orquestra da Felicidade.

Banda da Armada
16h00 - Grande Auditório
Quando a banda se arma de música, o mar entra-nos pelos ouvidos dentro. Cento e quinze vestidos de branco, como uma onda a rebentar fora de água.
Programa:
Obras de Chostakovich, Lopes-Graça, Otto Schwarz e Jorge Salgueiro

Médico à Força
Teatro da Rainha
17h15 - Praça do Museu
De Molière, recriado pelo Teatro da Rainha Teatro cá fora para rir e dar que pensar. Aqui observamos uma sociedade de vizinhos em que o dinheiro é endeusado e move toda uma rede de interesses, dos pequenos aos grandes, havendo no entanto quem fique de fora...
Encenação de Fernando Mora Ramos. Com Isabel Lopes, Carlos Borges, José Carlos Faria, Victor Santos e os estagiários Raquel Rodrigues e Octávio Teixeira

Box Música
17h30 - Sala Calempluy

Secret
Cirque Ici / França
19h00 - Local atrás da Tenda
No espectáculo de Johann Le Guillerm, um verdadeiro feiticeiro da matéria e do tempo, a matéria transforma-se em sonhos. É um segredo que só partilha quem assiste a este encontro entre a ciência e a poesia. Tudo parece possível e o mundo reinventa-se. Johann Le Guillerm: um artista de circo inclassificável entre os mais inovadores de hoje. Em "Secret", o público inexperiente, seja qual for a sua idade, abandona-se nas mãos deste "grande feiticeiro" e começa a sonhar.
Nota: Preços Secret é o único espectáculo com entrada paga- 6? (6 aos 12 anos) 11? (13 aos 25 e mais de 65 anos) 16? (adultos).

Bus-Laboratório
18h e 21h - Visite o Bus-Laboratório para desvendar os labirintos que existem entre a arte e a ciência.

Ateliers / Oficinas
- Coretos
- Músicos
- Cristas

Das 11h às 19h - Jardim das Oliveiras
O Minho vem a Lisboa... Venha ao Jardim das Oliveiras e lembre-se do norte do nosso país como um galo que nos canta e acorda com músicas, danças, gargalhadas, cristas de galos, coretos, músicos em miniatura e lencinhos com histórias de amor...
- Tranças e Enfeites
- Pintura de Andorinhas
- Foto Frida
- Gargantilhas Naturais

Das 11h às 19h - Jardim da Água / Praça do Museu
Frida desce à Praça...
Como se por milagre Frida saísse do seu quarto/galeria e descesse até nós, poderíamos com ela e como ela:
- pintar/pensar que as andorinhas têm asas no pensamento e nas sobrancelhas...
- pentear tranças de tecidos e papel no meio dos nossos cabelos...
- deixar-nos fotografar como se fôssemos um veado/Frida com hastes, brincos, ...
- enfeitar-nos com gargantilhas, para pôr a natureza ao peito...
- Contos, recortes, conversas e músicas

Das 11h às 18h15 - Centro de Exposições
Da fria Dinamarca...
Hans-Christian Andersen faz-nos acreditar que as panelas fervem e falam como gente grande e as flores sonham e dançam como meninos. Visite a exposição e fique com os seus para recortar contos que têm sons, movimentos e músicas...

Exposições
Entrada livre.

Hans-Christian Andersen
Dinamarca
Das 10h às 18h15 - Centro de Exposições
Visitas permanentes.

Centro de Exposições - Serviço Educativo
Visitas Guiadas Das 10h às 17h (de hora a hora).
Ponto de Encontro: Recepção do Centro de Exposições

Frida Kahlo 1907-1954 Vida e Obra
(10h, 11h, 12h, 13h, 14h, 15h, 16h, 17h)

Museu do Design
Percorrer o Museu do Design é sempre uma surpresa. No Dia da Primavera levamos esta expressão à letra! Poderá integrar as peças em exposição no seu contexto histórico, descobrir a nova apresentação de objectos muito especiais e passar pelo nosso Centro de Inspecção para avaliar a qualidade de várias cadeiras.

Oficinas

Tear de Memórias
Depois de visitar a exposição da Frida Kahlo e de conhecer o seu imaginário venha tecer no nosso Tear de Memórias. O testemunho da sua passagem faz crescer um tecido interminável, cujas cores, materiais e motivos são ditados pelas emoções e sensações.
Horário: 11h às 18h - Local: Piso -1

Design de Origami
Toda a família vai poder construir com papéis de várias cores e texturas, segundo as indicações e princípios do Origami (tradição japonesa de dobragem e construção em papel), cadeiras, copos ou mesas.
Horário: 11h às 18h - Local: Piso 0 - Entrada do Museu do Design Oficinas

Pedipaper à conquista do CCB
Desafios que levam à descoberta do CCB, dos seus diferentes módulos e das suas actividades. Participantes: equipas com número máximo de 4 pessoas.
Horário: (1º Pedipaper: 11h -12h30; 2º Pedipaper: 14h -15h30; 3º Pedipaper: 16h -17h30).

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sábado, março 25

2 Anos

Celebremos indo à Feira da Ladra e comendo bolos na padaria à vinda. Depois das bifanas no pão e dos sumóis de ananás, claro.
Antes dos tangos e das batatas do Irish, tentaremos ver o Stoneface no meio dos barcos:

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terça-feira, março 21

Comecei eu, acabaste tu (o final da narrativa a meias)

O sol desmente o inferno sobre as matérias que trespassa; sobre o oceano que não vimos, sobre as pedras, sobre as árvores e sobre ti... pergunto-te: porque não vejo a tua sombra? Suspiraste bem fundo para me dizeres: toma, meio perna de pau. Perguntei-te pela parte do chocolate e tu sorriste dizendo que a deste ao rapaz que era demasiado novo para trabalhar num quiosque. Não paravas de te mexer e gritavas: nada de medos!!! Ao comando da força do teu pé no acelerador e das tuas mãos no ar como quem diz às curvas para se desviarem do seu próprio caminho, gritavas canções que já nem sequer existiam no teu estojo de música. Disseste-me que era pura magia... que estava na hora de podermos ouvir qualquer música do planeta sem os esforços de um leitor, de um mp3, de um descarregador, ou de um ipod. Bastava-nos querer e, de mansinho, alguma coisa se encostaria, gentilmente, perto de um dos nossos ouvidos. Chegámos a um momento em que, em segredo, travaste o carro a fundo... Vem dançar! Sai cá para fora e dança! Saímos os dois com a melodia na memória e de corpos suados dos raios solares que não sombreavam nem sequer o menor minúsculo insecto deste gigante lugar, saímos a dançar... perdidos no tempo onde nem as notícias do dia existiam. Estava quente e a planta dos teus pés obrigaram-te a correres, alternando-os, novamente para o assento. E enquanto corrias, eu disse-te: tentei avisar-te que o calor não é coisa leve. Sorriste, exclamando: podemos assim dizer que a cor da brasa do fogo também pode ser uma brincadeira de crianças!

Não tardou e o escuro bateu à porta. As estrelas de plantão e a chuva dos mistérios lá fora... fez-se noite. Disseste quereres dormir. Tapaste-me os ombros, desejaste-me um bom sonho e disseste: até amanhã!

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Até à próxima, Manel. :)

sábado, março 18

You showed me that silence can speak louder than words



Silent air - The Sound

Thunder in the air
Before a storm that rips
Anger in my heart
A finger on my lips

You showed me that silence
That haunts this troubled world
You showed me that silence
Can speak louder than words

Words end in disaster
On the rocks, in pieces
I know something lives on there
But I can't say what it is

You showed me that silence
That haunts this troubled world
You showed me that silence
Can speak louder than words

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quinta-feira, março 16

Every corner abandoned too soon

Atmosphere - Joy Division

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Acabas tu? (a caminho do final) - narrativa a meias -

Desacelero sem dares conta, ou então finges que não esperas pelo nosso diálogo a seguir... deves estar à espera de muito pouco. A surpresa dos nossos actos nunca fez sentido a não ser no cume da pirâmide do nada. Se lá chegamos é porque nos esquecemos de que existem quatro lados que fazem escala até ao beijo dos vértices. Por onde andamos a escalar? Pergunto-te arrependido pelo receio de te estar a maçar. Imagino-te a responder: que o escalar é viver, seja ao dispôr do sol ou ao encanto de um luar...e que seja como for, é demasiado semelhante à realidade dos comuns, que encontram a felicidade tão perto da culatra de uma pistola, enganados pela ilusão de que naqueles 6 lugares, moram seis pétalas das mais belas flores. imagino-te a responder coisas que não me lembro alguma vez de te ouvir a dizer. E o teu mudo rosto encostado à janela, que vagueia silêncio pelas margens de um horizonte que diz trazer o sol de volta, é apenas a tua generosidade a existir neste escuro que me pertence. Sem demora, apresso-me, por palavras atropeladas, a ti: obrigado por não me deixares sozinho neste mundo que faz tanto frio. Penso que na tua cabeça tu gostarias de me dizer que sou um verdadeiro exagerado, mas apenas te ouvi sorrir. A lua despede-se das nuvens, a humidade despede-se do nevoeiro, e tudo indica que o sol se apresentará. Preferias andar mais tempo escondida e pensei em parar o carro num túnel longo. Pensei em te colocar ao volante para de lá me puderes ver no lugar do morto. Pensei em alternativas, pensei que de nada valeriam... e disse-te: Quando o sol disser que manda, será a altura de parar de esconder. Com o sol devemos deixar expostos os nossos corpos para o mundo nos ver. Se o mundo parar, então é porque somos fabrico de vampiros. Se o mundo não mudar...

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E o mundo está em constante mutação. Muda e volta sempre ao mesmo na roda que não pára. Não te sentes um pouco tonto? Por momentos pensei estar num carrocel acelerado, mas parece-me que são recordações de uma passagem de ano à beira-rio. E que escuridão é esta? Deixemo-nos de medos e vamos abraçar o sol que nos saúda ali em frente. Acelero eu. Pé no pedal e finjo que estou a pôr chapas redondas ao som do sinal dos carrinhos-de-choque. Não tenhas receio. Eu acelero mas olho pelo espelho e faço pisca antes de ultrapassar. Perdoa-me se te sacudo da letargia mas cansei-me de estar cansada. Acelero rumo ao nada. Como sempre. É o destino que melhor conhecemos.
Sorrio no prazer do vento a entrar pela janela, na surpresa do teu rosto agora já desperto. Sei que te agrada ver a estrada a ser devorada pelos pneus. Mais um pedaço de desconhecido que é nosso.
São raros os carros que por aqui circulam. Mas nós não nos importamos de estar sós. Na verdade, nunca estamos sós. Muito menos hoje acelerando só porque podemos. E o sol acha-nos graça e gargalha à nossa passagem. Mais à frente desaparece e logo depois volta a aparecer. Joga às escondidas connosco pois sabe que somos meninos. Crianças pequenas felizes com as moedas que encontraram na carteira abandonada da mãe enquanto esta dormitava em frente à televisão, agulha de croché na mão cansada. E vamos correndo à procura de um quiosque que venda gelados. Qual o que preferes? Eu sempre gostei do perna-de-pau. Enchi-me disso quando tinha a garganta ferida e nem por isso fiquei farta.

sábado, março 11

Narrativa a meias (Parte II)

É hora de partir. Alcatrão, noite, o vento e o andamento... lembras-te? Noutra era partimos em silêncio. A sinergia tinha cor na cumplicidade das palavras que não dissemos. Guardamo-las bem dentro de nós para deixar os outros sentidos usufruir. Partimos... deste-me uma maçã para a mordiscar, achaste que eu estaria mal nutrido, tinhas razão. Vendaste-me os olhos dizendo-me para não olhar e abriste a tua mochila: disseste que seria surpresa, e que não me irias confessar porque teria que adivinhar. Soube que seria um cd, a nossa primeira banda sonora, e sim... ouvi-te a ligar o leitor, e disseste-me: vamos esperar pelo adeus à cidade, até não alcançarmos as luzes com a nossa visão. Depois, faço play. Estavas tão calma, acabada de acordar, assim como quando sabemos que o início é lento por sabermos que o fim é muito longe. Não és uma pessoa de inventar conversa, leio-te nos olhos. E tudo o que deixas no ar é sempre circunscrito de forma concisa. Dá-te a sensação de um belo escudo de segurança e marca a primeira grande diferença entre nós: porque no caminho da nossa insegurança, modelamos diferentes formas de reagir. Já não alcanço a última luz da cidade, digo-te sussurrando...

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Desta vez queria roubar-te o volante e carregar eu no acelerador. Admito que o mais certo seria irmos parar a parte incerta, mas perdidos já estamos há muito. Pior seria apanharmos alguma árvore mais incauta pelo caminho.
Na mochila trago os pensamentos dos outros diluídos como limonada para quando tivermos sede. Sim, sei que sou preguiçosa. Tomei os pensamentos dos outros como meus no bocejo da madrugada mal dormida. E encosto-me como faço sempre que encontro o banco do teu carro. Não preciso de fingir ser interessante. Limito-me a ser o que sou, seja isso pouco ou nada. Uma fonte de sensações auditivas. Ou algo parecido, como me disseste um dia.
Pisco-te o olho e carrego no play.
Os faróis serão trocados em breve pelo sol. Às vezes, parece que espreita entre as nuvens e nos observa, paternal. Ouvimos a banda-sonora do nada e revemos-nos nela como frente a um espelho. O sol surge nos nossos olhos habituados à sombra. Apressamo-nos a esconder-nos dele. Não, agora não. Ainda não estamos preparados para a tua magnânime visita. Não é nada de pessoal, apenas muito tempo na escuridão.

(a continuar)

Banda-sonora de coisa nenhuma

01 - Jarboe - Sacred disciple wannabe
02 - Rilo Kiley - We'll never sleep (god knows we'll try)
03 - Piano Magic - You can never get lost when you've nowhere to go
04 - Complicado - ... happy for me when i go?
05 - Sufjan Stevens - The dress looks nice on you
06 - Friends of Dean Martinez - Dawn
07 - Amandine - Heart Tremor
08 - Devics - Song For A Sleeping Girl
09 - Bonnie Prince Billy e Matt Sweeney - Rudy Foolish
10 - Guitar - Akiko

- saída de uma mochila na tentativa de enganar o tempo -

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quinta-feira, março 9

Começo eu? (narrativa a meias) - Parte I -

Ouvi dizer que querias vir buscar-me no teu carro branco para percorrermos mais umas tiras de alcatrão. Vamos, sim. Aproveitemos que é fim-de-semana e vamos. Vou só arrumar umas peças de roupa e uns discos à pressa e, depois, à primeira buzinadela saio.
Mordisco uma maçã e espreito pela janela. Uns faróis iluminam o chão molhado.
Visto o casaco, pego na mochila. Sei que és tu. Quem mais seria a esta hora?

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Ainda durmo desconfortado sem atalho para fugir deste frio. Durmo há horas, horas perdidas do passado que me viram adormecer lentamente para o dia de hoje, qual o esgotamento que tantos já viram acontecer ao vizinho, ao amigo, amante ou semelhante. São horas do nada para acontecer, horas perdidas aos beijos com um coração perdido. E quando acordar, vou saber que nos últimos dois dias tu esperaste pelo som da buzina do meu carro todo branco que dispara faíscas de rock and roll contra o vento da sobriedade. Um fim de semana de fuga contra todas as fugas, seria uma bela meta para nós... acreditássemos nós no destino e saberíamos que as metas são regras. Mas nós, nós morreríamos antes do destino só para contrariar, e se hoje dizem ser domingo, por hoje eu quero-te dizer que hoje eu vou-te buscar.

Não sei se por aqui haverá água para limpar os olhos remelados do sono, apetecia-me ver-te de cara lavada, de te apanhar de surpresa, a ponto de descobrires algo em mim que até hoje não tenhas visto. Mas não me lembro de saber onde estou, está escuro, e não tenho relógio, falta-me música, e é assim que eu acordo. Coloco a 1ª mudança indisponível no telemóvel, arranco sem saber a tua morada, nunca soube... quando te sentir perto, buzino sem a noção de que não serão horas para incomodar as pessoas. A buzina saberá chamar-te pelo teu nome e na hora de fechares a tua porta já no lado de cá, vou reclamar pelo 1º sorriso à distância. As nuvens carregam lágrimas e os pneus receiam o nervosismo de uma travagem mais a medo... digo-te que adoro andar à chuva, porque há algo de calor nestas solitárias gotas destiladas. Digo-te coisas que não digo e quero-te perto de mim. Ali vens tu...

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Não eras tu. Voltei a entrar em casa salpicada de gotas. Começou a chover e parece que não vai parar tão cedo. Não vens hoje. Nem sei se chegarás um dia destes.
Vou para debaixo da manta e ligo a televisão. A luz do televisor fere-me a vista. Carrego no botão vermelho de olhos fechados. Escuridão.
Algures na noite, chega o som de uma música. You can never get lost when you've nowhere to go. Poderia ser um dos teus discos a girar no leitor do carro branco. Mas não é. Não vens. Estavas com sono e paraste à beira da estrada. Deixaste-te dormir enquanto a melodia ecoava no silêncio alcatroado.
Levo-te um pouco da minha manta. O calor da lã embalar-te-á os sonhos. Eu tapo-te os ombros e sopro-te um "bons sonhos".
Descansa.
Renuncio ao plano por mais algumas horas. Amanhã ainda dá tempo.
A mochila fica ali ao canto para quando te decidas a vir buscar-me. Eu espero.

Acordo sobressaltada. O som de uma buzina. Não. Não é. É o barulho de uns pneus a resvalar na terra molhada. Parece que ainda chove. Que horas serão? Não fico para responder pois percebo agora que chegaste. Apresso-me.
Queria lavar a cara antes de te ver, mas parece que não há água neste local. Ou então sou eu que no sono não encontro a torneira.
Vou. Não quero fazer-te esperar.

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Os dias são coisas ruins, pensei para mim durante quase toda a minha vida. O que resta fora desse quase são coisas de sonhos, ou então coisas que acontecem mas não chegamos a perceber. Enquanto te vejo andar, passa pela mente um milhão de pensamentos que navegam entre conjecturas, desejos, e muita raiva... e a raiva consome-nos porque a causa principal tem o nosso nome escrito. Podia dizer que ainda sonho, e que estas palavras são raciocionadas de olhos a dormitar num sono profundo, podemos dizer tanta coisa porque sabemos que são coisas que não dizemos, palavras soltas onde tudo é dito pelo silêncio intransmitível.

Reclamo-te um sorriso, e irei saber corresponder com tudo o que sei dar, com a alegria de te estar a ver, selado no meu único sorriso que conheço encaixado numa só palavra: saudade. O carro branco saúda-te, o leitor ilumina-se, o cinto que te vai segurar sorri. Tudo o que tenho te espera, e tu lá ao longe contemplas e caminhas os teus passos.

É hora de partir. Alcatrão, noite, o vento e o andamento... lembras-te? Noutra era partimos em silêncio. A sinergia tinha cor na cumplicidade das palavras que não dissemos. Guardamo-las bem dentro de nós para deixar os outros sentidos usufruir. Partimos... deste-me uma maçã para a mordiscar, achaste que eu estaria mal nutrido, tinhas razão. Vendaste-me os olhos dizendo-me para não olhar e abriste a tua mochila: disseste que seria surpresa, e que não me irias confessar porque teria que adivinhar. Soube que seria um cd, a nossa primeira banda sonora, e sim... ouvi-te a ligar o leitor, e disseste-me: vamos esperar pelo adeus à cidade, até não alcançarmos as luzes com a nossa visão. Depois, faço play. Estavas tão calma, acabada de acordar, assim como quando sabemos que o início é lento por sabermos que o fim é muito longe. Não és uma pessoa de inventar conversa, leio-te nos olhos. E tudo o que deixas no ar é sempre circunscrito de forma concisa. Dá-te a sensação de um belo escudo de segurança e marca a primeira grande diferença entre nós: porque no caminho da nossa insegurança, modelamos diferentes formas de reagir. Já não alcanço a última luz da cidade, digo-te sussurrando...

(a continuar)

terça-feira, março 7

As Rosas de Madeira aka Como contribuir para a devastação da Floresta

Já estão aí as bancas de venda de rosas de madeira para o dia de amanhã. Dia dos namorados, dia da mãe, dia da mulher são os alvos preferidos deste negócio. E há sempre quem espete com uma rosa de madeira à frente de alguma senhora. É sinal óbvio de que a pessoa em causa não teve muito tempo para pensar numa alternativa. "É melhor que nada", dirão. Não concordo. Nunca na vida me passaria pela cabeça oferecer uma rosa de madeira à minha mãe, por exemplo. Não. Mais facilmente lhe daria umas farturas e/ou um saco de amendoins. Algo calórico como só o verdadeiro amor consegue ser. A propósito, que idiotice é essa de "Os homens não gostam de celulite"? E daí? Eu também não gosto de muita coisa e nem por isso há outdoors pelas ruas de Lisboa a dizê-lo.

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sexta-feira, março 3

Reload

- Música da semana -

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Corre, moça, corre

It's Raining

It's raining, it's raining - there's nothing you can do.
It doesn't only rain on you,
But you're acting all upset
Like you're the only one who's wet.
It's raining, it's raining - there's nothing we can do.
It's raining on me, too.
You moan & you cry
But that won't affect the sky.
You're not a saint, you're not a saviour
Or a devil, it's agreed.
Oh lucky you, oh lucky me -
We've had more of those than we need.
It's raining, it's raining, & I can't tell you when
This storm is going to end.
So go ahead & cry,
But that won't keep you dry.

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quinta-feira, março 2

Parabéns!
(em japonês^^)

Rodrigo-san, caminhas a passos largos para a decadência O_o It's all downhill from here, my friend!

KIDDING!! ^^ 28 não é assim tão mau. hm... já nem sei se me lembro O_o
Adiante.

Muitas felicidades, Psycho one, um dia cheio de coisas boas e muita loucura. WEEEEEEEE ^^

Eu até te oferecia um bilhete para o Japão, mas o trabalho não é assim tão bem pago :D

Parabéns, Sano!



Miki chan! (se for Parabéns, 'tá-se bem, se não for.... ignora, sff :p)