and I remember quiet evenings trembling close to you
terça-feira, julho 31
segunda-feira, julho 30
sábado, julho 28
It was a large room. full of people. all kinds. and they had all arrived at the same building at more or less the same time. and they were all free. and they were all asking themselves the same question: what is behind that curtain? you were born. and so you're free. so happy birthday.
Rascunho nº 1
(depois do armagedão)
- Final -
Subi o monte em setembro, calcei umas botas e esfreguei-me no deserto. Desapareceste-me! Gritei por ti, sabias? Ainda havia flores aqui no cimo. Não me acompanhaste, vi-te a ultrapassares para lá das nuvens. Quem te fez voar? Olhei-te até seres um ponto... não reparaste? Fui até à cidade, cansei-me do campo. Arrombei fechaduras e limpei corpos, precisava de espaço. Aproveitei o sol nos dias em que me entretinha a queimar, saudei a chuva nos dias em que me apeteceu chorar. Fiz-te uma chamada, mas deu-me interrompido. Com quem é que estarias a falar? Desliguei um ouvido, escrevi cartas remetidas ao céu, sei lá eu a morada do céu: "querido céu! Que fizeste tu de mim? Querido céu, quando é que será o meu fim?". Passei os dias sem pregar olho: "hoje eu não quero pensar", dizia em voz alta para o segredo de ninguém. Dizimámos tudo, sabias? A nação hoje existe sem pessoas. Dorme aquele que espera alguma coisa do amanhã... fizeste-me pensar que até ao amanhã eu disparei balas da metralhadora. Não dormia, pensava em ti. Subiste tão alto sem um único olhar para trás, não te perdoo! Para onde seguiram os passos do teu coração? Tu embalsamaste-o! Que raie o sol agora, que me queime a mim também!
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o vento sopra mais forte hoje. quase me parece ouvir vozes lá em baixo. devem ser ecos de um passado lá longe, bem longe. nem me recordo da última vez que ouvi a minha garganta soltar um ruído. este silêncio tornou-se parte de mim, já não nos distinguem quando passamos na rua. a verdade é que nem vamos à rua. permanecemos aqui, eu e o silêncio. hoje, no entanto, pareceu-me ouvir uma prece distante: "querido céu", seria isso que dizia? já me tinha esquecido do quão idiotas são os mortais. dirigem-se em alturas de aperto aos céus. que procuram lá? esqueci também que já fui mortal e me ajoelhei procurando uma mão que me elevasse do solo empoeirado. isso foi há tanto. antes do armagedão. corpos despedaçados por aves de rapina, ossos limpos até ao tutano. só porque assim o desejei. só porque posso.
fecho os olhos e sinto os raios de sol pousarem na minha pele. empoleiram-se nos meus seios nus e fazem-me cócegas nos ombros.
uma gargalhada. estremeço. que foi isto? pego nos farrapos no chão e cubro-me assustada. som familiar que me aterroriza. ah, pára! pára! que gargarejar é este? procuro um animal que talvez me tenha escapado. pego numa pedra e apresso-me a ressuscitar o silêncio.
gargalhada. de novo.
alucino. há tanto que não ouço um ruído.
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Disparo para tudo, hoje percorro quilómetros só para não ficar sem balas... de Espanha até à Tunísia, tenho balas de quase todas as cores. O vento sopra e faz ruído nas placas das paragens dos autocarros, ruído nas persianas das janelas onde passo, ruído atroz, zumbidos indefinidos. Onde estás? Não sei levantar a cabeça, aprendi a hipnotizar-me com o chão. Onde estás, andorinha selvagem? Há coisas que se extinguiram, e eu tento acompanhar o dicionário para riscá-las. O tempo lava até ao confim das memórias, esqueço-me do nome das coisas que um dia dizia adorar. Deixei de riscar as palavras há dias, hoje arranco as folhas. Pontapeio pianos, parto a meio as guitarras e rio-me alto, rio-me como perdido. Por vezes choro, queria tanto dizer-te isso. Por vezes dou por mim às gargalhadas, porque sei que estou assustado, estou com medo de te perder. Rio-me e estou frágil, rio-me forte, perco a razão, tenho-te a ti no coração. Onde estás??? Vou-me rindo alucinado, rindo-me de ti... em que raio pensavas para teres querido este mundo de silêncio? Vou-te encontrar um dia, sim. Deixarás crescer os teus braços, um dia? Queria tanto um abraço. Cheguei ao mar, gritei para o eco... mergulho para andar até ti. Não sei voar, mas vou a nado. Vens cá, até ao fim do mar? Vem cá. O sol também podia ser de nós os dois.
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Enervo-me. disparato contra tudo, contra todos. pena já não haver nada contra disparatar. hoje inventava toda uma civilização só para a poder deitar abaixo. é o efeito que o sol tem em mim neste momento. afasto os raios com granadas, faço buracos no chão só para me ocultar lá dentro. fugir do sol. das gargalhadas que ouço à minha volta.
escondo-me. costumava ser boa nisso. nisso e em fugir. na minha cabeça, já fugi mais de mil vezes. sempre sem destino definido. sempre sem sair do mesmo lugar.
abro mais um buraco, este não é profundo o suficiente.
daqui ainda vejo a claridade espreitar entre as pestanas, a luz deseja tocar-me na íris. afasto-a como a uma mosca bzzzbzzbzbzz, pára de me atormentar.
sinto-me fraca. aniquilei tudo e fiquei sem forças. forças para espantar os demónios que me assaltam sob a forma de raios de sol.
gargalhadas. riem-se de mim.
encolho-me no meu buraco. que falta me fazem os meus braços agora. queria tanto abraçar-me. entoo uma melodia baixinho. encho os ouvidos de terra.
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Que raie o sol dentro de ti! Desesperei eu num grito mudo, escrevi eu com a cal nas paredes e nos telhados arruinados. Escrevi ao mundo em forma de balão, pintei a tua imagem e a minha e, nos mensageiros balões das nossas vozes, escrevi um diálogo de amor. Sabes, é na garganta, onde sinto as minhas palavras a desfazerem-se no vento, que levito a ansiedade de te ver... por isso é que me rio, rio muito da minha solidão. Tentei voar, tolice a minha! Caí do monte e rebolei pelo chão. Tentei nadar, absurdo o meu! O mar ao longe brincava aos remoínhos, e as ondas nunca me deixaram ir além. Não sei sair daqui. Deve ser verão, este sol pica na minha pele escaldada. Parei para pensar. Não sou um bom amigo para ninguém, reflecti eu de mansinho. Porque hás-de tu esperar por mim? Perguntei eu aos animais. Até os animais morreram, que crueldade! Está tudo morto e não tenho respostas na ponta da língua de ninguém. O sol aumenta, até onde quer chegar? Sempre fugiste sem destino, mil vezes o fizeste sem nunca saires do mesmo sítio. Do sol não tens medo, será que até disso te esqueceste? Invento histórias para me rir bem alto, não há alma que me faça entender que estou a dizer uma mentira... rio-me alto, muito alto, devo estar louco. Mas o meu riso tu nunca esqueceste, por isso modelo-o como um quadro, por isso é que no meu recanto eu sei que existo. E volto a rir, a rir para ti.
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tremo. afinal o sol afastou-se. deixou só a sua ausência e um gelo de morte. passo a língua pelos lábios: sabem-me a sal. lágrimas na cara enterreada.
Quanto tempo passou e onde estou afinal?
Queria dizer adeus, despedir-me daqueles que me são queridos. a lua ilumina a metade a noite. está como eu. sozinha numa escuridão muda.
olho ao longe. tento ver. não se vê nada, nada se ouve. nunca a morte pareceu tão real.
procuro os meus braços. há tanta dor neste mundo e nada para abraçar. estes cotos nada abraçam.
saudades das minhas mãos a agarrarem o nada, a vê-lo escorrer como areia na praia. dos meus braços a quererem voar.
fecho os olhos e procuro lembrar-me do toque dos meus dedos. a minha pele parecia suave.
ando, avanço às cegas. o mais certo é cair num dos buracos que para mim mesma abri. sozinha, neste pós-armagedão, quem me abrirá sepultura? ainda haverá aves para me arrancar as órbitas? bichos para me morder as vísceras apodrecidas?
deve-se sempre guardar o coveiro. alguém tem de ficar para limpar a merda.
gargalhada. ah. outra. sinto um sorriso elevar-me as bochechas. coisa estranha.
de onde vêm estes risos, inusitada generosidade nesta noite esquecida por deus?
os risos parecem-me perto. agora não me assustam. trazem um bafo quente. faz-me cócegas no nariz.
ahahahahhahahahahahahhahhhahahahhahaa hhahahahahahahhahahahahha ahahahahahahahahh ihihihhehehehehehehehehehhhehehehehhehehee deve-se sempre guardar o coveiro.
Ri comigo, estranho. vamos rir que sempre nos vai aquecendo a alma gelada.
(narrativa a meias - 1ª parte: ileee; 2ª: S.)
sábado, julho 21
Quase uma mão-cheia de filmes
Três
Por Culpa de Fidel, segundo o crítico Mário Jorge Torres, apresenta a perspectiva «de uma criada exilada de Cuba, que parece interrogar o que se passa à sua volta, mais do que fornecer respostas». Depois de ter ido claramente para a sala ressonar e/ou acariciar as nádegas de alguma amiga maravilhada com a sua eloquência crítica, o caríssimo ainda conseguiu acrescentar um parágrafo ao seu textinho anémico numa prova de que a mesma lhe deve ter acariciado os tomates e revigorado assim o seu neurónio adormecido. Já o seu colega Mourinha consegue elucidar-nos e fazer, ena!, uma crítica ao referido filme: conferir aqui.
A criada exilada de Cuba aka Anna, uma criança de 9 anos que gosta do seu colégio privado católico e de belos vestidos e de histórias de princesas, tem de lidar, de repente, com o despertar da consciência política dos pais e as barbas revolucionárias que se passeiam pelo apartamento pequeno para o qual a família se mudou. Aborrecida, e com razão!, pela mudança da sua vida cor-de-rosa, Anna tenta fazer com que os pais voltem a ser o que eram anteriormente e se deixem de comunismo.
Duplo no Amor é mais uma comédia de Francis Veber e um agradável entretenimento de domingo à tarde, não muito mais. Daniel Auteuil é o milionário Pierre e tem uma amante louraça top-model e uma mulher detentora da quase totalidade da sua riqueza. Claro que quando é flagrado com a louraça e aparece na Caras lá da terra, a esposa chateia-se e quer o divórcio. Resta-lhe tentar dar a volta à questão inventando um namorado para a amante.
Death Proof, a parte Grindhouse de Tarantino. Pá, como já disse algures, as partes boas são muito boas, com destaque para o final hilariante que quase me fez soltar uma gotinha(não vão para uma sessão de cinema com a bexiga cheia).
As partes menos boas foram extremamente chatas e até me deram vontade de descabeçar alguns seres que se riam maravilhados com diálogos muito longe da qualidade a que nos habituou Tarantino. O senhor pareceu-me preguiçoso.
Esperava muitooo mais sangue, muito mais gore e umas torturazitas mais refinadas.
Enfim, é esperar pela versão dupla: Tarantino (reduzido a 90 minutos, hell yes, que estes 30 minutos extra são bons para bocejar) mais Rodriguez no Grindhouse: Double Feature.
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sexta-feira, julho 13
Baú
Acho que me apaixono sempre aos Sábados #5
- agora às Sextas e hoje em dose dupla: Duas das minhas melhores recordações -
(vi algo semelhante numa madrugada de lua cheia algures no deserto alentejano).
Volto a mencionar que Mutations é O álbum.
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quarta-feira, julho 11
Desafio da página 161
Desafiou-me o amigo Psycho a:
1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Colocar a frase no blog
5. Não vale procurar o melhor livro que têm, usem o mais próximo
6. Passar o desafio a cinco pessoas.
E a minha frase é:
«Fazer um recado... Ali ao Bulevar... ver uma freguesa!»
Morte a Crédito - Céline
(é um livro cheio de páginas e linhas bem mais interessantes...)
O desafio fica lançado a quem desejar indicar as suas páginas 161 e linhas 5 : )
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sexta-feira, julho 6
«- Tu o que queres é viver, não é? O que é que tu tens a ver com isto? Estás-te nas tintas ao máximo para as consequências universais que os nossos mínimos actos, as nossas mais imprevistas ideias possam ter!... Tanto se te dá!... Ficas hermético, né? Calafetado!... aperreado no fundo da tua substância… Não comunicas com nada… Nadinha, não é? Comer! Beber! Dormir! Lá em cima, nas calminhas… agasalhado no meu sofá!... Aí, estás tu repleto… cumulado de bem-estar… E a terra que vá andando… Como? Porquê? Assustador milagre! Seguindo o seu périplo… extraordinariamente misterioso (…) E tu? Que fazes tu aí, no seio desse volteio cosmologónico? Do grande sobressalto sideral? Hem? Alambazas-te! Enfardas! Ressonas! Estás-te nas tintas!... Pois! Salada! Gruyère! Sapiência! Nabos! Tudo!»
Céline - Morte a Crédito
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Retalhos da vida de uma céptica
Não fui ao SBSR este ano. Não houve convites nem área VIP nem chamuças nem mousse nem puffs.
Apesar de reconhecer que algumas bandas do cartaz são boas, não estou ligada emotivamente a nenhuma delas.
Já não há Iggys.
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quinta-feira, julho 5
Season of the Shark
O Verão ameaça sempre da mesma forma: as festas de Lisboa com o cheiro da sardinha assada. Depois é ver a temperatura a subir.
Demorou a deixar o casaco pendurado lá no armário mas parece que, agora, chegou mesmo o Verão: não páro de ouvir os Yo La Tengo.